VIH: um novo desafio – a obesidade
A terapia antirretroviral (TAR) aumentou consideravelmente a esperança de vida das pessoas a viver com o vírus, e agora as consequências negativas para a saúde do excessivo ganho de gordura, que afetam a população em geral, foram adicionadas à lista de comorbidades que as pessoas com VIH enfrentam. David B. Clifford, MD, Universidade de Washington em St. Louis, disse à ‘Infectious Disease News’: “Os riscos de morbidade secundária impulsionada pelo excesso de gordura são, se alguma coisa, aumentados na população com VIH e, portanto, de grande importância”.
Numa meta-análise de 60 estudos sobre TAR e ganho de gordura, foram encontradas associações entre TAR e aumento de gordura em quatro fatores relacionados. A meta-análise, publicada em 2016 em ‘AIDS Reviews’, incluiu dados de 53.199 pacientes com VIH. Cientistas encontraram associações entre TAR e aumento do índice de massa corporal, circunferência da cintura, excesso de peso/obesidade e obesidade abdominal.
A TAR estava, também, associada com o que cientistas chamaram de ‘significativo aumento’ do índice da massa corporal, excesso de peso/obesidade e obesidade abdominal em pacientes com contagem de células de CD4 menor que 350 células/mm3 comparativamente com aqueles/as com uma superior contagem de CD4.
Num estudo publicado na ‘AIDS Research and Human Retroviruses’, foram avaliados os efeitos da TAR em 14.084 pessoas a viver com VIH que iniciaram o tratamento entre 1998 e 2010. Descobriram que, das pessoas com IMC normal no início da TAR, 20% tinham sobrepeso depois de 1 ano. Da mesma forma, 15% das pessoas com excesso de peso no início do tratamento ficaram obesas após 1 ano. Após 3 anos de TAR, 22% das pessoas com VIH que tinham um IMC normal no início do tratamento apresentavam sobrepeso e 18% das pessoas com excesso de peso no início do tratamento eram obesas.
Num estudo publicado em ‘Clinical Infectious Diseases’ envolvendo 328 pacientes, foram testados os efeitos de três regimes de ART. As/Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente para receber tenofovir-emtricitabina mais atazanavir-ritonavir (ATV/r), darunavir-ritonavir (DRV/r) ou raltegravir (RAL) por 96 semanas. Na semana 96 da terapia, o aumento médio geral na gordura do tronco foi de 18%. Os aumentos foram de 14% em pacientes com ATV/r, 20,8% para aquelas/es em DRV/r e 19,4% para aqueles em RAL (P <0,001). Os três braços de estudo também experimentaram aumentos similares no tecido adiposo visceral (TAV). O aumento médio global do TAV foi de 25,8%. As alterações foram 21,9% em pacientes que receberam ATV/r, 26,5% para RAL e 29% para DRV/r (P <0,001).
Foi referida a importância de “Estabelecer um estilo de vida saudável, mesmo antes da iniciação da TAR, com atividade física regular e abundância de vegetais e frutas, proteínas magras e sem doces ou limitados, sem gorduras saturadas e sem álcool – são recomendações que podemos fazer a todos as/os pacientes, com ou Sem HIV “.
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