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VIH

Um diagnóstico positivo ao VIH é sempre um momento assustador. Por isso mesmo é importante que esteja preparada com a melhor arma de todas: Informação. Esclareça aqui todas as suas dúvidas sobre o VIH.

2.5 | Mulheres migrantes e VIH-2

SER MIGRANTE EM PORTUGAL

Todas as pessoas seropositivas ou não que vivem em Portugal têm direito, independentemente do seu estatuto de residência, a assistência médica. As despesas do tratamento e acompanhamento médico assim como as terapêuticas antirretrovirais são suportadas pelo sistema de saúde português (existem, contudo, taxas moderadoras a pagar).

Dados estatísticos
– As mulheres representam 48% dos imigrantes em Portugal sendo cerca de metade dos imigrantes de proveniência de países de língua portuguesa.
– Num estudo realizado na Maternidade Alfredo da Costa 40% das grávidas com VIH eram imigrantes sobretudo de países africanos.

Grávida e imigrante
A mulher grávida e imigrante vivência uma situação de grande vulnerabilidade psicológica e social devido à quebra de laços familiares, ao isolamento, marginalização, à falta de recursos económicos, à dificuldade no acesso à informação e aos cuidados de saúde. A estes factores de vulnerabilidade acrescem, muitas vezes, as barreiras linguísticas e culturais.

 

VIH-2

  • Existem dois tipos de vírus de imunodeficiência humana: o VIH-1, descoberto primeiro e mais propagado no mundo. E o VIH-2 que é geneticamente diferente do VIH-1 em mais de 55%.
  • O VIH-2 é mais comum na África ocidental, mas existem poucos casos em Portugal e em outros países da Europa.
  • Devido às diferenças genéticas entre estes 2 vírus apenas os testes sensíveis aos dois tipos de vírus podem detetar o VIH-2. Testes unicamente para VIH-1 não detetam o VIH-2.
  • Em 2019, em Portugal, foram diagnosticadas 24 infeções por VIH do tipo 2 (VIH-2). Esses diagnósticos ocorreram maioritariamente em mulheres (83,3%; 20/24), em indivíduos com 50 ou mais anos (66,6%; 16/24) e nascidos na Guiné-Bissau (75,0%; 18/24).
  • No total são 2030 casos de infeção por VIH-2 que representam 3,3% das infeções totais por VIH em Portugal.
  • E 487 casos com dupla infeção por VIH-1 e VIH-2.
  • Ainda de acordo com o INSA: “As 2030 infeções por VIH-2 com diagnóstico no país ocorreram maioritariamente em mulheres (52,5%; n=1065), a idade mediana à data do seu diagnóstico foi de 43,0 anos e 64,1% (n=1301) eram residentes da Área Metropolitana de Lisboa. Nos 1364 casos em que foi disponibilizada informação relativa à naturalidade, apurou-se que 63,0% (n=859) eram originários de países da África subsariana, a maioria destes (71,5%; n=614) da Guiné-Bissau.
  • Foi referida transmissão por contacto heterossexual em 83,4% (n=1693) dos casos que reportaram infeção por VIH-2.”
  • Existem medicamentos antirretrovirais que não são eficazes para o VIH-2, incluindo o efavirenz, rilpivirina, doravirina, etravirina e nevirapina (antirretrovirais da classe dos inibidores da transcriptase reversa não nucleósidos (NNRTIs).

Outros dados sobre o VIH-2

Porque o VIH-2 é menos virulento do que o VIH-1, e, portanto, menos frequentemente transmitido, tem sido menos estudado. Mas atualmente a questão não é tanto a sua transmissão, mas o seu tratamento pois as diretrizes relativas ao tratamento do VIH não consideram este vírus.

Joakim Esbjörnsson, da Universidade de Oxford referiu que a literatura prévia sugeria que apenas 15%-25% das pessoas com VIH-2 progrediam para SIDA, e apenas uma minoria no decorrer de 10 anos.

  • O VIH-2 é menos fácil de transmitir e a carga viral é mais baixa que no VIH-1, contudo a quantidade de ADN próviral integrada nas suas células é igual ao do VIH-1.

Esbjörnsson sugere que as estimativas de progressão para SIDA e morte têm sido subestimadas. O seu estudo observa a progressão para SIDA e morte na policia da Guine Bissau em que 13% são mulheres e o tratamento para o VIH apenas disponível a partir de 2006.

  • Nesta amostra a progressão para SIDA foi de 6.2 anos para o VIH-1 e 14.3 anos para o VIH-2. E a progressão para a morte foi de 8.2 anos para o VIH-1 e de 15.6 anos para o VIH-2. A probabilidade de progressão para SIDA era 2.84 vezes maior no VIH-1 comparativamente ao VIH-2, e 3.5 vezes maior para a morte.
  • Apesar de tudo, 20 anos após o inicio da amostra enquanto 90% das pessoas com VIH-1 progrediam para SIDA apenas 70% das pessoas com VIH-2 progrediam, demonstrando que estudos prévios subestimaram consideravelmente a mortalidade e morbilidade do VIH-2. O VIH-2 era aproximadamente 90% letal em 25 anos de infeção.
  • A média de declínio das células/mm3 CD4 era de 22.5 por ano em pessoas com VIH-1 e de 12.8 em pessoas com VIH-2. A progressão para SIDA acontecia com um número mais elevado de CD4 no VIH-2 em relação ao VIH-1: a contagem de CD4 num diagnostico de SIDA era de 237 células/mm3 em pessoas com VIH-2 e de 137 células/mm3 em pessoas com VIH-1.