mulheres que vivem com VIH têm mais problemas cardíacos
A doença cardíaca relacionada ao VIH é uma das principais causas de morte entre pessoas que vivem com o VIH- mesmo quando se encontram em consistente e eficaz tratamento contra o vírus. Estudos revelam que esta complicação é provavelmente provocada pela inflamação crónica do próprio vírus e outros fatores. O que é menos compreendido é por que o VIH parece ter um impacto maior nos corações das mulheres.
Embora os homens que vivem com o VIH tenham uma probabilidade 1,5 vezes mais elevada de ter um ataque cardíaco do que os homens seronegativos, esse risco duplica ao comparar as mulheres que vivem com o VIH com as suas homólogas seronegativas.
Agora tenta-se aprender o porquê dessa disparidade e como garantir que as mulheres com VIH vivam vidas mais longas e saudáveis. Nova pesquisa publicada, no mês passado, no Journal of Acquired Imune Deficiency Syndromes apresenta pistas vitais para ajudar a fechar a lacuna de género. E relata que a presença de placa nas artérias coronárias, um fator de risco comum para ataques cardíacos, se manifesta de forma diferente em mulheres que vivem com o VIH comparativamente aos homens.
Por outro lado, os homens que vivem com o VIH apresentam quase quatro vezes a probabilidade de placa coronária e um tipo de placa coronária particularmente de alto risco relativamente às mulheres que vivem com o VIH – embora as mulheres tenham um maior risco de ataque cardíaco atribuível ao VIH. Mas por que as mulheres ainda correm maior risco?
Estudos em populações VIH-negativas também mostraram que as mulheres tendem a ter menos placa coronária do que os homens, apesar dos piores resultados de doenças cardíacas. A disparidade sugere que mecanismos menos estudados podem estar por trás da possibilidade de uma mulher ter sérios eventos cardiovasculares, como ataques cardíacos, incluindo placas escondidas em vasos sanguíneos menores que alimentam o coração. No entanto, sem mais pesquisas, não está claro se essas observações se aplicam a mulheres que vivem com VIH que têm um risco ainda maior de doença cardíaca.
O que as/os cientistas têm a certeza é que as diferenças sexuais biológicas desempenham um papel no desenvolvimento de doenças relacionadas ao VIH, e como os resultados do estudo atual enfatizam, as/os profissionais de saúde devem ter cuidado ao aplicar evidências de estudos de doenças cardíacas, relacionadas ao VIH, com participantes exclusivamente masculinos aos cuidados de mulheres que vivem com VIH.
Recentes estudos investigam novos dados para aprender como as diferenças entre os sexos, na doença cardíaca e a progressão da infeção pelo VIH, funcionam juntas. O estudo REPRIEVE avaliará a capacidade de uma medicação de estatinas para prevenir doenças cardíacas, relacionadas ao VIH, em homens e mulheres. Neste grande ensaio internacional, será conduzida uma avaliação sobre como as diferenças entre os sexos influenciam os mecanismos, riscos e tratamento de doenças cardíacas no contexto do VIH. Em última análise, as/os médicas/os podem ser capazes de adaptar a forma como avaliam e tratam os corações das mulheres que vivem com o VIH com evidências específicas para o sexo e o estado serológico de suas/seus pacientes.
Fonte: B Foldyna, et al. Sex Differences in Subclinical Coronary Atherosclerotic Plaque Among Individuals with HIV on Antiretroviral Therapy. (link is external) Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes DOI: 10.1097/QAI.0000000000001686 (2018).
