VIH e Covid-19
Apresentamos vários estudos sobre Covid-19 e VIH.
- Eficácia das duas doses da vacina contra a Covid-19 em pessoas com VIH
Estudo realizado em Taiwan que incluiu 3.131 pessoas a viver com VIH (PVV) que a 1 de março de 2021 ainda não tinham sido vacinadas contra o Covid-19 e que não tiveram diagnóstico prévio desta infeção. Quase todas/os participantes (99,9%) se encontravam em tratamento antirretroviral (TARV) e com carga viral indetetável. A contagem média de CD4 era de 627.
Entre março e setembro de 2021 (período de aumento da variante Delta em Taiwan) as/os participantes foram aconselhadas/os a vacinarem-se e 15% não se vacinaram, 73% receberam apenas uma dose e cerca de 10% recebeu as duas doses.
De todos as/os participantes existiu 37 casos confirmados de Covid-19 durante o período do estudo; 33 não vacinadas/os e 4 parcialmente vacinadas/os. Nenhum caso entre as PVV vacinadas.
A eficácia de apenas uma dose: 53.4%, e de 99.9% nas pessoas completamente vacinadas.
De salientar que o estudo incide sobre a variante Delta.
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- A reduzida resposta à vacina contra a Covid nas PVV com doença (VIH) avançada
Estudo realizado em França incluiu 754 PVV (todas em tratamento antirretroviral) e 720 pessoas negativas ao VIH. Todas receberam duas doses da vacina contra o Covid-19 (entre março e dezembro de 2021). Entre as PVV 78% encontravam-se com carga viral indetetável e 70% apresentavam uma contagem de CD4 superior a 500.
Descobriu-se que as PVV tinham uma resposta mais elevada um mês após a segunda dose da vacina contra a Covid-19; contudo as PVV com doença VIH mais avançada (incluindo SIDA) apresentavam uma resposta significativamente menor às vacinas.
Este estudo junta-se a outros que demonstram que as pessoas imunocomprometidas estão menos protegidas pelas duas doses de vacinação e que beneficiam de doses adicionais.
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- Menos casos graves de Covid-19 entre PVV mais idosas em TDF
Estudo realizado em Espanha incluiu 51.558 PVV em TARV e virologicamente suprimidas. Consideraram-se importantes factores como hipertensão, diabetes, doença cardiovascular assim como o uso de imunossupressores e corticosteroides, todos considerados com factores de risco para a gravidade do Covid-19. Também foram consideradas a contagem de CD4 e carga viral.
Das PVV estudadas, 40% encontravam-se num regime que continha tenofovir alafenamida mais emtricitabina (TAF/FTC), 12% em tenofovir disoproxil fumerato mais emtricitabina (TDF/FTC), 27% em abacavir mais lamiduvina (ABC/3TC) e 22% em outros tratamentos.
No total, 2.402 participantes com Covid-19; 425 foram hospitalizados, 45 admitidos nos cuidados intensivos e 37 morreram. Depois do ajustamento de características clínicas e demográficas, o risco estimado de hospitalização, admissão nos Cuidados Intensivos e morte era menos no grupo em TDF-FTC. Seguido de taxas progressivamente maiores nos grupos TAF/FTC e ABC/3TC.
O ratio de risco de morte era de 0.37 para o grupo TDF/FTC; 0.99 para os grupos em outros regimes: 1.00 para o grupo em TAF/FTC e 2.02 para o grupo em ABC/3TC.
Mas os resultados variavam consoante a idade das/os participantes fosse inferior ou superior a 50 anos. O risco de hospitalização por Covid-19 era de 1.00 em todos os regimes.
Contudo em PVV com 50 ou mais anos o risco de hospitalização relativo ao TAF/FTC era:
– 0.49 no grupo TDF/FTC
-0.76 no grupo “outros regimes”
– 1.40 no grupo em ABC/3TC
Del Amo referiu que estas descobertas sugerem que o regime de TDF/FTC pode diminuir a gravidade do Covid-19 em PVV com mais de 50 anos, mas que pode não ter o mesmo efeito em PVV mais jovens.
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