Álcool e VIH
O álcool não impede os antorretrovirais de atuarem. Não existe interação entre o álcool e os antirretrovirais (ARV) desde que não tenha hepatite ou doença do fígado.
Mas é aconselhável reduzir o consumo de álcool a um mínimo ou, de preferência, deixar de beber completamente se:
– tem uma doença hepática como por ex. a hepatite. O fígado tem um papel essencial no processamento dos ARV. Um fígado saudável é essencial para beneficiar do tratamento ao VIH. (O consumo elevado de álcool pode provocar hepatite e problemas no fígado e se tem problemas no fígado é mais provável que vivencie mais efeitos secundários dos ARV).
– a sua contagem de CD4 é baixa (ou seja, tem um sistema imunitário enfraquecido). Se não estiver a tomar medicamentos contra o VIH, o consumo excessivo de álcool pode enfraquecer ainda mais o seu sistema imunitário e retardar a sua recuperação de infeções.
– tem níveis elevados de gordura no sangue, colesterol elevado (um potencial efeito secundário de alguns fármacos contra o VIH).
– toma outros fármacos que interagem com o álcool como antibióticos, medicamentos contra a tuberculose, antidepressivos, sedativos, ou outros. Pergunte sempre à sua ou seu profissional de saúde.
É recomendado que, tanto homens como mulheres, não devem beber mais do que 14 unidades de álcool por semana.
Uma unidade de álcool corresponde a cerca:
- um copo de cerveja ou cidra (com 5 a 6% de álcool)
- meio copo de vinho standard (um copo standard é 175ml)
- uma única medida de bebidas espirituosas (25ml)
- um pequeno copo de xerez ou porto (50ml).
Há provas de que ter VIH afecta o quanto se deve beber. Um estudo americano descobriu que os homens que viviam com VIH que bebiam mais do que cerca de 13 unidades por semana corriam um risco acrescido de morte em comparação com os homens seronegativos. Em outro estudo, nas mulheres infectadas com VIH, o consumo elevado de álcool foi associado à morte prematura. As/Os cientistas pensam que as razões se devem aos níveis de álcool no sangue das pessoas com VIH serem mais elevados por cada unidade de bebida.
Outro estudo descobriu que as pessoas com VIH se sentiam embriagadas após menos bebidas – particularmente as pessoas com uma carga viral detectável.
O consumo regular de álcool pode enfraquecer o sistema imunitário e danificar o fígado, bem como levar a comportamentos de risco que aumentam as hipóteses de contrair o VIH ou de o transmitir a outros. A investigação demonstrou que as pessoas com VIH que bebem regularmente álcool tendem a ter uma maior carga viral e uma menor contagem global de CD4.
Alcoolismo
Num estudo realizado, concluiu-se que o uso do álcool serve muitas vezes para gerir a dor e as emoções.
Mas os estudos demonstram não só que o alcoolismo acelera a progressão da infeção pelo VIH, como diminui as probabilidades de receber o adequado tratamento para o VIH. Nas pessoas infectadas pelo VIH, o alcoolismo está associado aos seguintes efeitos negativos[iii]:
- Reduzida adesão à medicação para tratamento da infecção pelo VIH;
- Ausência de uma relação com os serviços de saúde, necessária para o tratamento da infecção pelo VIH;
- Recurso tardio a cuidados médicos destinados a combater o VIH;
- Aumento dos comportamentos sexuais de risco e possibilidade de maior nível de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis;
- Progressão da infecção pelo VIH.
O consumo elevado de álcool a longo prazo pode aumentar o risco de graves condições de saúde, como cancros, doenças cardíacas, tensão arterial elevada, AVC, doenças hepáticas, pancreatite, depressão, demência, problemas sexuais e infertilidade. Beber todos os dias pode também levar à dependência física e psicológica do álcool.
As pessoas que bebem muito frequentemente não se alimentam bem e isto pode causar mais problemas de saúde.
O álcool é uma droga depressiva e pode causar ou agravar problemas mentais, psicológicos ou emocionais.
Fonte: SHE, NCBI, BMC, NAM