HIV&Women2022: Amamentação e VIH
De acordo com estudos, a amamentação é uma poderosa forma de interação entre a mãe e o bebé. Devido à proximidade física, x bebé está mais próxima da mãe do que qualquer outro membro da família. Essa proximidade é maior nas mães que amamentam comparativamente com o biberão.
E acredita-se que a ligação afectiva que se cria nesta altura é importante para ajudar a amenizar os problemas sociais e comportamentais tanto nas crianças como em adultos.
Mas nem todos os estudos vão neste sentido, e mesmo contrariam estas afirmações.
Não amamentar nem sempre é socialmente aceite.
Mas existem benefícios associados à amamentação e ao início precoce do tratamento antirretroviral (ARV): uma microbiota mais diversa nxs bebés positivxs no útero.
Em retrospectiva:
- Em 1992, na Nigéria, foi reportado um risco adicional de 14% na transmissão através da amamentação.
- Em 1999, novos dados revelam um reduzido risco de transmissão através da amamentação.
- Em 2001, confirma-se que a amamentação com formula é segura.
- Em 2005 considera-se esta a opção preferencial.
- Em 2008 a OMS reviu esta recomendação devido ao excesso de morbidade e mortalidade nxs bebés nascidos de mulheres com VIH e alimentadxs com formula.
Que recomendações da BHIVA?
- Em 2010, recomenda a amamentação quando a carga viral é indetetável.
- Em 2012, restringe a amamentação por 6 meses nesta situação.
- Em 2016 as recomendações da HIC não apoiam a amamentação.
- Em 2017, as recomendações da EACS permitem a amamentação “se a mãe insistir”.
- Em 2018, as recomendações da BHIVA continuam a apoiar a escolha nas mães virologicamente suprimidas e com boa adesão.
- Em 2022, não existem recomendações para a amamentação como primeira linha.
porque o risco nunca é de zero.
E apesar dos estudos de 2008, HPTN 052, observarem que o tratamento reduz o risco de transmissão em 96%. E de em 2017, o estudo Partner, observar zero transmissões depois de mais de 58.000 episódios de sexo sem preservativo quando a carga viral era indetetável (menos de 200 cópias). Uma pessoa a viver com VIH com carga viral indetetável não transmite o vírus para os seus parceiros (Indetetável = Intransmíssivel). Tal não se aplica à amamentação.
Quais os factores que aumentam o risco de transmissão do VIH pela amamentação quando a mãe não se encontra em ARV? Uma carga viral detetável; doença avançada da mãe; uma maior duração da amamentação; infeção ou inflamação do peito ou mamilo; infeção ou inflamação da boca ou intestino dx bebé.
Nos países de alto rendimento a transmissão vertical é muito reduzida mesmo com amamentação.
Mas muitas mães ainda têm receio de transmitir o VIH ou os efeitos secundários e toxicidade dos ARV através da amamentação.
Mas apesar das recomendações não consistentes, o estudo Helene, na Alemanha observou que nenhuma transmissão se efetuou em mães (42) com carga viral indetetável (menos de 50 cópias) na amamentação. E o mesmo aconteceu no Reino Unido.
As mães precisam e devem ter o apoio para uma escolha e tomada de decisão informada sobre a amamentação.
Fonte: Yvonne Gilleece