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Em comparação com a população em geral, as pessoas com VIH não registaram uma diminuição tão grande da mortalidade por COVID-19 após o advento da variante omicrónica do SARS-CoV-2, de acordo com os resultados de um estudo apresentado na Conferência da Sociedade Internacional da SIDA sobre Ciência do VIH (#IAS2023).
“Enquanto o risco de mortalidade por COVID-19 diminuiu drasticamente durante o omicron entre as pessoas HIV-negativas, diminuiu apenas modestamente entre as pessoas que vivem com HIV, especialmente aquelas com baixa contagem de CD4 “, disse Meg Doherty, MD, PhD, da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante uma conferência de imprensa antecipada.
14 de agosto de 2023 | Geral | POZ Magazine
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Esta é a principal conclusão de um novo estudo realizado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), um centro apoiado pela Fundação “la Caixa”, e publicado na revista The Lancet Regional Health.
A equipa de investigação avaliou uma coorte de 28,3 milhões de pessoas, representativa da população brasileira de baixos rendimentos, com base em dados recolhidos entre 2007 e 2015.
Esta é a maior avaliação dos determinantes sociais da saúde e da AIDS no Brasil até hoje.
Os investigadores concluíram que os determinantes sociais relacionados com a pobreza e a vulnerabilidade social estão fortemente associados a uma maior incidência de SIDA. Especificamente, os indivíduos de raça negra, economicamente desfavorecidos e sem acesso à educação são desproporcionalmente afectados pelo fardo da doença.
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No mês passado, antes da Conferência Internacional sobre SIDA em Brisbane, na Austrália, um estudo de referência publicado na revista The Lancet por Laura N Broyles e colegas referiu que as pessoas com VIH que mantêm níveis baixos – mas ainda detectáveis – do vírus (menos de 1000 cópias por ml) têm um risco quase nulo de o transmitir aos seus parceiros sexuais.
Foi um resultado espantoso, que veio acrescentar provas irrefutáveis para reforçar ainda mais a campanha de VIH indetetável igual a intransmissível (I=I ou U=U). I=I ou U=U (do inglês) significa que os indivíduos que vivem com VIH e que conseguem manter uma carga viral indetetável através de uma terapia antirretroviral consistente são incapazes de transmitir o vírus através de actividades sexuais.
Estabelecer a ligação entre uma carga viral baixa e a ausência de transmissão tem implicações de grande alcance para a prevenção e o controlo do VIH, incentivando a adoção mais generalizada de testes de carga viral a preços acessíveis e ajudando a desestigmatizar o VIH.
Proteja-se e proteja xs outrxs – faça o teste VIH e se necessário inicie a terapêutica o mais breve possível.
18 de agosto de 2023 | The Lancet
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As mulheres cisgénero têm duas a três vezes mais probabilidades de adquirir o VIH durante a gravidez e quatro vezes mais probabilidades no pós-parto.
Fonte: AVAC
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A aplicação de critérios injustos e discriminatórios nos despedimentos viola claramente direitos contemplados na Constituição da República Portuguesa (nomeadamente, violação do Princípio da Igualdade consagrado no artigo 13º e artigo 26º, que refere outros direitos pessoais) e outros diplomas legais, como a Lei nº 46/2006 de 28 de Agosto, que proíbe e pune a discriminação em razão da deficiência e da existência de risco agravado de saúde, e a Resolução do Conselho de Ministros nº 5/2011 de 18 de Janeiro, nos termos do qual foi aprovado o IV Plano Nacional para a Igualdade — Género, Cidadania e não Discriminação, 2011 -2013, que consta do anexo à referida resolução e que dela faz parte integrante.
Os princípios da OIT, desde a Convenção 111 da OIT, sobre a Discriminação em matéria de Emprego e Profissão (1958) e a Recomendação n.º 200 sobre VIH e SIDA, adotada pela Conferência Internacional do Trabalho, em Junho de 2010, primeiro instrumento internacional do trabalho sobre VIH e SIDA, reflete sobre a necessária proteção contra a discriminação no recrutamento e nos termos e condições do trabalho, e proíbe a cessação do emprego com base no estatuto de VIH.
O artigo 24.º Código Trabalho – Direito à igualdade no acesso a emprego e no trabalho refere:
1 — O trabalhador ou candidato a emprego tem direito a igualdade de oportunidades e de tratamento no que se refere ao acesso ao emprego, à formação e promoção ou carreira profissionais e às condições de trabalho, não podendo ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão, nomeadamente, de ascendência, idade, sexo, orientação sexual, estado civil, …,deficiência, doença crónica, …, devendo o Estado promover a igualdade de acesso a tais direitos.
Artigo 25.º Código Trabalho – Proibição de discriminação:
1 — O empregador não pode praticar qualquer discriminação, direta ou indireta, em razão nomeadamente dos fatores referidos no n.º 1 do artigo anterior.
Lei nº46/2006, de 28 de Agosto, art.º 1º, ponto 1 – “Tem por objeto prevenir e proibir a discriminação, direta ou indireta, em razão da deficiência, sob todas as suas formas, e sancionar a prática de atos que se traduzam na violação de quaisquer direitos fundamentais, ou na recusa ou condicionamento do exercício de quaisquer direitos económicos, sociais, culturais ou outros, por quaisquer pessoas, em razão de uma qualquer deficiência.” Ponto 2 “O disposto na presente lei aplica-se igualmente à discriminação de pessoas com risco agravado de saúde”.
Art.º 5º – “Consideram-se práticas discriminatórias contra pessoas com deficiência, para além do disposto no código de trabalho. A adoção de procedimento, medida ou critério, diretamente pelo empregador ou através de instruções dadas aos seus trabalhadores ou a agência de emprego, que subordine a fatores de natureza física, sensorial ou mental a oferta de emprego, a cessação de contrato de trabalho ou a recusa de contratação”.
Lei nº134/99 de 28 de Agosto – “Tem por objeto prevenir e proibir as discriminações no exercício de direitos por motivos baseados na raça, cor, nacionalidade ou origem étnica”.
“Considera-se ilegítima a obrigatoriedade indiscriminada de testes do vírus da sida (…) há no entanto, empregos, pela sua natureza podem exigir o teste VIH: aqueles que implicam a manipulação de líquidos biológicos a ser administrados a pacientes, podendo induzir a contaminação/transmissão”. – Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida 1996.
in Poderia ser Eu, Isabel Nunes, Seres, Chiado Editora, 2011
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O workshop internacional sobre VIH e mulheres, vai realizar-se a 17-18 fevereiro 2023
Formato: Hybrid
Registo: https://bit.ly/3Qrcyyh
Submissão de posters
: https://virology.eventsair.com/PresentationPortal/Account/Login?ReturnUrl=%2FPresentationPortal%2Finternational-workshop-on-hiv-women-2023%2Fabstracts
Website: https://academicmedicaleducation.com/meeting/international-workshop-hiv-women-2023
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Este workshop virtual continua a ser a única plataforma mundial para o intercâmbio científico internacional e interdisciplinar sobre os desafios cada vez mais reconhecidos encontrados nos cuidados clínicos e na concepção de estudos para melhorar os cuidados de pessoas que envelhecem com VIH.
As inscrições para este importante evento, sobre envelhecimento e VIH, a realizar nos dias 13 e 14 de outubro virtualmente, estão abertas. Participe!
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Agora estamos em podcast também! Oiça as nossas Conversas na Positiva. Neste epsiódio a nossa convidada especial, a Enfª Catarina Esteves fala-nos com muita ternura, com muito conhecimento das crianças que nascem com VIH, dxs adolescentes que vivem com VIH, do estigma. Vale a pena!#hiv #vih #fazotestevih #darvozmulheresvih #seresvih #conversasnapositiva #literaciavih #conversasnapositivaseresvirtual #seresvirtual #seresvih #Poderiasereu #fazotestevih #darvozmulheresvih #maisinformaçãomenospreconceito www.seres.org.ptencontre-nos no Spotify, Amazon Music e muito mais!
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As pessoas que vivem com VIH apresentam um intervalo de 15 anos – de anos sem comorbidades – comparativamente às pessoas sem VIH. E mesmo quando a sua contagem de CD4 é superior a 500, continua a existir um intervalo de 10 anos.
As principais comorbidades relacionadas com o envelhecimento, das pessoas com VIH, são as doenças crónica do fígado, rins ou pulmão; diabetes; cancro; doença cardiovascular.
A inflamação prediz a morbidade e mortalidade na infeção VIH tratada. Existem diferenças de género na inflamação?
As mulheres apresentam uma mais forte resposta imunitária inata ao VIH, do que os homens. O que pode explicar porque as mulheres têm uma carga viral mais baixa do que os homens e uma inflamação mais elevada em qualquer carga viral. As células femininas expressam mais do sensor imunitário inato TLR7 (o mecanismo base para níveis mais elevados de inflamação nas mulheres que nos homens com VIH).
A diferença na inflamação, entre homens e mulheres sem VIH é diminuta.
Mas entre as pessoas com VIH e em tratamento, as mulheres apresentam mais inflamação do que os homens.
O estrogénio pode suprimir a transcrição do VIH. As mulheres pós-menopáusicas apresentam maior inflamação se viverem com o VIH (o estrógeno baixa assim como baixa o efeito anti-inflamatório).
A diferença de inflamação, entre sexos, tem um impacto no risco da morbidade e mortalidade nas pessoas VIH positivas em tratamento?
Num estudo que envolveu 9.430 indivíduos observou que as mulheres têm níveis mais elevados de inflamação, do que os homens, durante o tratamento antirretroviral supressivo. Pode a menopausa ter um efeito nestes resultados?
O sexo pode modificar a associação entre inflamação e eventos vasculares. Este aumento da ativação imunitária pode prever estes eventos nas mulheres, mas pode ir numa direção diferente no tromboembolismo venoso. Observam-se mais tromboembolismos em homens do que em mulheres. Mas as mulheres apresentam mais AVCs isquémicos.
Existem diferenças de género na relação entre níveis de sTNFR1: nas mulheres este valor mais elevado prediz um risco reduzido de diabetes tipo 2 e nos homens acontece o oposto.
Em resumo:
- A inflamação persiste nas pessoas com VIH apesar do tratamento antirretroviral e é preditor de um aumento de risco de morbidade associada ao envelhecimento.
- As mulheres têm uma resposta inflamatória ao VIH mais robusta que os homens (possivelmente devido ao aumento da expressão TLR7).
- O estrogénio pode moderar esta resposta inflamatória e suprimir a expressão do VIH em mulheres pré-menopausa.
- As mulheres pós-menopáusicas têm níveis de expressão de VIH e inflamação mais elevados.
- As diferenças de sexo na inflamação modificam o risco de doença nas pessoas infetadas por VIH em tratamento.
É importante a inclusão de mais mulheres nas pesquisas científicas!
Fonte: Peter Hunt, Universidade da California São Francisco
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De acordo com estudos, a amamentação é uma poderosa forma de interação entre a mãe e o bebé. Devido à proximidade física, x bebé está mais próxima da mãe do que qualquer outro membro da família. Essa proximidade é maior nas mães que amamentam comparativamente com o biberão.
E acredita-se que a ligação afectiva que se cria nesta altura é importante para ajudar a amenizar os problemas sociais e comportamentais tanto nas crianças como em adultos.
Mas nem todos os estudos vão neste sentido, e mesmo contrariam estas afirmações.
Não amamentar nem sempre é socialmente aceite.
Mas existem benefícios associados à amamentação e ao início precoce do tratamento antirretroviral (ARV): uma microbiota mais diversa nxs bebés positivxs no útero.
Em retrospectiva:
- Em 1992, na Nigéria, foi reportado um risco adicional de 14% na transmissão através da amamentação.
- Em 1999, novos dados revelam um reduzido risco de transmissão através da amamentação.
- Em 2001, confirma-se que a amamentação com formula é segura.
- Em 2005 considera-se esta a opção preferencial.
- Em 2008 a OMS reviu esta recomendação devido ao excesso de morbidade e mortalidade nxs bebés nascidos de mulheres com VIH e alimentadxs com formula.
Que recomendações da BHIVA?
- Em 2010, recomenda a amamentação quando a carga viral é indetetável.
- Em 2012, restringe a amamentação por 6 meses nesta situação.
- Em 2016 as recomendações da HIC não apoiam a amamentação.
- Em 2017, as recomendações da EACS permitem a amamentação “se a mãe insistir”.
- Em 2018, as recomendações da BHIVA continuam a apoiar a escolha nas mães virologicamente suprimidas e com boa adesão.
- Em 2022, não existem recomendações para a amamentação como primeira linha.
porque o risco nunca é de zero.
E apesar dos estudos de 2008, HPTN 052, observarem que o tratamento reduz o risco de transmissão em 96%. E de em 2017, o estudo Partner, observar zero transmissões depois de mais de 58.000 episódios de sexo sem preservativo quando a carga viral era indetetável (menos de 200 cópias). Uma pessoa a viver com VIH com carga viral indetetável não transmite o vírus para os seus parceiros (Indetetável = Intransmíssivel). Tal não se aplica à amamentação.
Quais os factores que aumentam o risco de transmissão do VIH pela amamentação quando a mãe não se encontra em ARV? Uma carga viral detetável; doença avançada da mãe; uma maior duração da amamentação; infeção ou inflamação do peito ou mamilo; infeção ou inflamação da boca ou intestino dx bebé.
Nos países de alto rendimento a transmissão vertical é muito reduzida mesmo com amamentação.
Mas muitas mães ainda têm receio de transmitir o VIH ou os efeitos secundários e toxicidade dos ARV através da amamentação.
Mas apesar das recomendações não consistentes, o estudo Helene, na Alemanha observou que nenhuma transmissão se efetuou em mães (42) com carga viral indetetável (menos de 50 cópias) na amamentação. E o mesmo aconteceu no Reino Unido.
As mães precisam e devem ter o apoio para uma escolha e tomada de decisão informada sobre a amamentação.
Fonte: Yvonne Gilleece