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O Centro de Pesquisa em SIDA (AIDS Research Center) e a Cruz Vermelha Tailandesa (Thai Red Cross Society) divulgaram que a PrEP (profilaxia pré-exposição) ajudou a prevenir com sucesso a transmissão do VIH da mãe para a/o bebé.
Neste programa, mulheres infetadas com VIH, com uma gravidez de mais de 32 semanas tomaram PrEP, um conjunto de 4 tipos de antirretrovirais, durante a experiência. As 43 mulheres VIH positivas, que participaram, ‘deram à luz’ bebés saudáveis e livres de VIH.
Fonte: Pattayamail
imagem: Sri Lanka Mirror
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Uma onda de neo-conservadorismo, de crenças arraigadas no racismo, xenofobismo, sexismo, assola o mundo. Em Portugal, recentemente falou-se do sexismo na política. E choca-me que pessoas que trabalham para melhorar a nossa sociedade sejam continuamente alvo de preconceito e sexismo. Ao olhar para o meu exemplo de mulher que vive com o VIH, abertamente, há quase 30 anos, diria que em Portugal não grassa apenas o sexismo, mas também o preconceito, a estigmatização, a ignorância, a má educação (ou a falta dela no que concerne a educação, respeito e sensibilidade comunitária e sentido de alteridade).
Numa altura em que o rosto do VIH se alterou esperamos que as atitudes tenham mudado. Não. Vivemos tempos onde o preconceito, o sexismo, o racismo, a ignorância, o conservadorismo, está exacerbado. Conto-vos a minha história porque é representativa dessa prática corrente que grassa Portugal (e não só), porque a minha história recheada de preconceitos, estigma, sexismo não é única. Infelizmente a grande maioria das mulheres que vive com VIH lida, numa altura ou outra, com o preconceito e o estigma.
No decorrer da minha vida, como mulher que vive com VIH, fui alvo de preconceito, sexismo, por vizinhxs que passavam por mim na escada e chamavam de tudo (nome de animais são um exemplo), que me riscavam o carro, furavam os seus pneus. Cansativo, frustrante sobretudo porque ninguém nos protege. Felizmente mudei de casa. Mas, e quem não tem a possibilidade de mudar?
No decorrer da minha atividade, e como presidente de uma associação de e para mulheres que vivem com o VIH, fui constantemente questionada do objeto da associação. Mulheres? Porquê só mulheres? E se a dúvida pode ser um pouco legítima em algumas pessoas por desconhecimento, é estranho que profissionais de saúde a coloquem. A diferença entre homens e mulheres é visível, e no que concerne ao VIH também bem documentada.
Recentemente, numa conferência internacional sobre VIH, onde estive com outrxs representantes portugueses, uma dessas representantes mandou-me calar várias vezes. Não porque estivesse a dizer algo de errado, mas apenas porque ‘estava cansada de ouvir a minha voz’.
E quem me disse para me calar não vive com a doença. Trabalha sim para as pessoas que vivem com o VIH. Lamento que existam pessoas para quem eu e xs minhas/meus pares não passam de meios para pagar as suas hipotecas, as rendas, etc. Lamento que nos vejam como pessoas inferiores, que merecem a pena e os seus cuidados. Mas sobretudo lamento que nos silenciem. Mais, se tal se verificou comigo, certamente se propaga no desempenho da sua atividade. Uma atividade contrária aos direitos humanos, que desempodera, silencia as pessoas que infelizmente não têm forma de falar mais alto. E, é particularmente assustador que estejam envolvidas na resposta ao VIH.
Infelizmente o que aconteceu comigo, ser silenciada, desempoderada, acontece com outras pessoas que vivem com o VIH. Sistematicamente. E por isso relembro a importância do GIPA/MIPA (Meaningful Involvement of People Living with HIV/AIDS), da significativa participação e envolvimento das pessoas que vivem com VIH na resposta ao VIH. E que nada sobre nós faz sentido sem nós.
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Estudo de projeção matemática realizado nos Estados Unidos da América (EUA) reflete o impacto do fumar nos anos vida em pessoas VIH positivas.
O tabagismo continua a ser a principal causa evitável de morte e embora fumar reduza a vida em até 10 anos, alguns desses anos perdidos podem ser recuperados se as pessoas deixaram de fumar.Em Portugal, estima-se que o consumo de tabaco seja responsável por 1 em cada 10 mortes verificadas na população adulta e por cerca de 1 em cada 4 mortes verificadas na população dos 45 aos 59 anos. O consumo de tabaco atinge cerca de 20 a 26% da população, com predomínio de três homens e meio para cada mulher. (WHO/OMS, 2012).
Nos EUA 42% das pessoas adultas VIH positivas fumam, em comparação com 20% das pessoas VIH negativas. Outros 20% dos adultos a viver com VIH são ex-fumadores, indicando que uma proporção considerável de pessoas com VIH positivas deixa de fumar.
Em comparação com as pessoas VIH positivas com 40 anos de idade que nunca fumaram, aquelas que fumam poderiam perder mais de 6 anos de vida devido ao tabagismo. A análise estatística que forneceu essa estimativa também descobriu que as pessoas a viver com VIH com 40 anos de idade que parem de fumar quando começam o tratamento ao VIH, podem salvar 5 ou 6 anos de vida. As pessoas VIH positivas fumadoras com 50 ou 60 anos de idade também ganham anos de vida se deixarem de fumar.Uma mulher que iniciou o tratamento do VIH aos 40 anos e não deixou de fumar poderia esperar viver até à idade de 68,1. Mas se essa mulher deixasse de fumar quando começou o tratamento ao VIH poderia esperar viver até aos 72,7 (4,6 anos mais do que se não parasse de fumar). E se ela nunca fumasse, poderia esperar viver até aos 74,4 (6,3 anos mais do que uma fumadora que não abandonou o fumo).
Um homem VIH-negativo de 40 anos perde 10,7 anos de vida com o tabagismo, enquanto uma mulher VIH negativa perde 10,6 anos devido ao tabagismo.
Uma mulher VIH-positiva de 40 anos que fuma perde 10,7 anos de vida com o tabagismo, enquanto uma mulher VIH negativa perde 10,6 anos devido ao tabagismo.
Mulheres VIH-positivas de 40 anos de idade que fumam perdem 6,3 anos de vida por fumarem e 8,3 anos devido ao VIH.
O modelo faz previsões diferentes para homens e mulheres de 40 anos com perfeita aderência ao tratamento antirretroviral: os homens neste grupo poderiam esperar perder 8,6 anos por fumar, mas apenas 3,5 anos devido ao VIH. E as mulheres poderiam esperar perder 8,2 anos por fumarem, mas apenas 4,3 anos devido ao VIH. Em outras palavras, as pessoas seropositivas ao VIH que tomam seus antirretrovirais a tempo e comparecem a todas as consultas médicas são menos propensas a morrer do VIH e o tabagismo tem um impacto muito maior em sua esperança de vida do que o próprio VIH. O estudo confirma estudos anteriores que referiam que na Europa e EUA se estimava que as pessoas com VIH perdiam mais anos de vida por fumarem do que devido ao VIH.
Fonte: The Center for AIDS Information & Advocacy
imagem: WebMD
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Os avanços biomédicos permitem atualmente conceber naturalmente? Os seguintes estudos, já referidos anteriormente, reforçam a opinião de que sim:
- Estudo HPTN 052: transmissão zero por parte da/o parceiro infetado com VIH mas com carga viral suprimida.
- Estudo PARTNERS: Zero transmissão da/o parceiro infetada/o quando carga viral indetectável, isto quando os casais praticavam sexo sem preservativos (de outra forma não poderiam fazer parte do estudo).
- Estudos PrEP: entre participantes aderentes, > 90% eficácia apesar de comportamento de risco elevado ou comunidade de alto risco.
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Uma análise, baseada em estudos existentes, que demorou 2 anos, envolveu 3.5 milhões de pessoas e mais de 90 países, confirmou que a depressão afeta mais as mulheres que os homens.
A puberdade, que ocorre nas meninas aos 12 anos, pode explicar esta ocorrência. ‘As alterações hormonais podem ter algo a ver com isto, mas também é verdade que o ambiente social se altera para as meninas nesta idade. À medida que entram na puberdade, as meninas, têm de lidar com mais assédio sexual, mas não se sabe qual destes factores é responsável.’
Cientistas também observaram as relações entre depressão e igualdade de género no rendimento. Surpreendentemente, as nações com maior equidade de género tiveram maiores diferenças de género – ou seja as mulheres foram diagnosticadas desproporcionalmente com depressão major. “Isso era algo oposto ao esperado”, diz Hyde. “Pode ocorrer porque, nas nações mais equitativas de género, as mulheres têm mais contato com os homens e, portanto, se comparam aos homens, que não expressam sentimentos de depressão porque não se encaixam no papel masculino”.
A taxa de depressão é quase duas vezes mais elevada entre as mulheres comparativamente aos homens.Encontre o artigo original aqui.
Foto: Daily Mirror
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A infeção VIH é uma transição de vida significativa para uma pessoa, configurando-se como experiência com profundo impacto psicológico. As pessoas confrontadas com o VIH podem ter de enfrentar desafios significativos, que, por sua vez, podem ter implicações no bem-estar individual, incluindo na própria saúde mental.
Como tem sido para si viver com o VIH?
Encontre o questionário aqui:https://apps.fpce.uc.pt/limesurvey/index.php/267878/lang-ptObrigado por ter clicado no link para responder a este questionário!
Quais são os objetivos do estudo? – Compreender e avaliar o impacto psicológico da infeção VIH em homens e mulheres portuguesas VIH-positivos(as), e identificar os processos psicológicos que facilitam ou inibem a adaptação individual à experiência de viver com o VIH.
Quem pode participar? – Homens e mulheresVIH-positivos(as), com idade igual ou superior a 18 anos.
Como participar? – A sua participação é voluntária. Apenas será necessário responder a este breve inquérito online, composto por um conjunto de questões simples e de resposta rápida, mas íntimas, sobre diferentes áreas da sua vida (individual, relacional/sexual, social). Não existem respostas certas nem erradas. A participação neste estudo não inclui quaisquer riscos para si, para além do incómodo que possa constituir o preenchimento da bateria de avaliação. A sua participação não tem quaisquer implicações (não prejudica) o seu acompanhamento clínico habitual.
Como funciona?
- Para começar a responder ao questionário, clique em “Seguinte”;
- Se começar a preencher o questionário e decidir retomá-lo numa outra altura, poderá clicar em “Continuar mais tarde”. Nessa altura, o seu questionário será gravado e ser-lhe-ão fornecidos dados para poder aceder ao questionário mais tarde (clicando na opção “Load unfinished survey”). No entanto, é muito importante completar o preenchimento do questionário para que as suas respostas sejam válidas;
- Pode, em qualquer momento, e por qualquer motivo, desistir de colaborar neste estudo, encerrando, para isso, a janela.
Como é garantida a confidencialidade? – As suas respostas serão estritamente confidenciais e anónimas. Os dados recolhidos serão utilizados apenas para fins de investigação, tendo apenas valor coletivo. Em qualquer momento e por qualquer motivo (inclusive se sentir a sua privacidade invadida) pode desistir de colaborar neste projeto, sem que tal afete o seu tratamento e os cuidados que lhe são prestados.
Quem está a realizar este estudo? – Este estudo está a ser realizado por uma equipa de investigadores do Grupo de Investigação “Relações, Desenvolvimento & Saúde” do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC), da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. O estudo conta com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/100117/2014) e enquadra-se no âmbito de um projeto de investigação financiado pelo programa Investigador FCT (IF/00402/2014).
Equipa de investigação:
- Alexandra Martins (FPCE-UC)
- Maria Cristina Canavarro (FPCE-UC)
- Marco Pereira (FPCE-UC)
Onde serão divulgados os resultados do estudo? – Após a conclusão deste estudo, os principais resultados e informação adicional sobre este projeto serão divulgados em: www.fpce.uc.pt/saude/
As suas respostas serão um importante contributo com repercussões clínicas, científicas e sociais. Desde já, os investigadores responsáveis agradecem a sua disponibilidade e colaboração!
Se tem questões adicionais acerca desta investigação, por favor, contacte os investigadores responsáveis:
Alexandra Martins | Marco PereiraFaculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
Rua do Colégio Novo3000-115 CoimbraTelefone: 239 851450 / Fax: 239 851465
E-mail: alexandrafrsmartins@gmail.com | marcopereira@fpce.uc.ptEncontre o questionário aqui. -
Estudo realizado no Canadá procurou compreender se as pessoas que vivem com VIH (PVVIH) em terapia antirretroviral altamente ativa (TAR), desde sempre, seguem o padrão onde a morbidade é relegada para os últimos anos de vida ou diminuída à medida que as pessoas envelhecem. Pretendeu-se estimar a expectativa de vida ajustada à saúde (HALE) entre adultos que vivem com e sem VIH e observou-se a dependência entre as causas das comorbidades.
O estudo (COAST – Comparative Outcomes and Service Utilization Trends / Resultados comparativos e tendências de utilização do serviço) é uma amostra retrospectiva de adultos (≥20 anos) incluindo pessoas a viver com o VIH e uma amostra aleatória de 10% da população em geral de Columbia Britânica, e com dados longitudinais relativos a 1 de abril de 1996 até 31 de dezembro de 2012. Foi determinada a prevalência de comorbidades específicas (cardiovasculares, respiratórias, doenças do fígado e renais assim como cancros não definidores de SIDA por serem altamente prevalentes entre as PVVIH) por idade e sexo.
A amostra consistiu em dados eletrónicos de saúde de 9310 PVVIH e 510 313 adultos não infetados. Estes indivíduos contribuíram para 49 605 mortes e 5 576 841 anos-pessoa no período de estudo. Na idade exata de 20 anos, a HALE era de 31 anos entre os homens a viver com VIH e de 27 anos entre as mulheres a viver com VIH. Na população VIH-negativa a HALE era de cerca 58 anos entre os homens e de 63 anos entre as mulheres. As pessoas a viver com VIH, e em particular as mulheres a viver com VIH, têm uma esperança de vida em geral mais reduzida que a população VIH-negativa e vivem menos tempo num estado saudável.
As mulheres que vivem com VIH passam menos tempo num estado saudável comparativamente com os homens a viver com VIH e sobretudo com as suas pares VIH-negativas. São, portanto, necessárias intervenções que considerem as necessidades de cuidados complexos das PVVIH a envelhecer no sentido de melhorar o seu estado de saúde.
Encontre o estudo aqui.
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‘Sendo uma infeção muito frequente nas faixas etárias mais jovens, e dada a sua associação com o aparecimento de cancro do colo do útero, foram desenvolvidas vacinas de modo a prevenir e a minimizar o impacto da infeção por HPV na saúde das mulheres. ..
‘Portugal, comparativamente com outros países europeus, apresenta uma taxa de cobertura vacinal elevada, estando desde 2008 a vacina tetravalente incluída no Plano Nacional de Vacinação (PNV), inicialmente administrada às mulheres com 13 anos de idade (nascidas a partir de 1995), em três doses, segundo o esquema de 0, 2 e 6 meses. ..
‘Entre setembro de 2014 e dezembro de 2016 foram estudadas 152 mulheres jovens vacinadas com atividade sexual ativa, com idades compreendidas entre os 14 e os 30 anos, sendo a média de idades de 21 anos. Das 152 mulheres estudadas, 28,3% (43/152) apresentaram uma infeção por HPV …
‘Os fatores de risco para a aquisição da infeção por HPV são comuns às outras infeções sexualmente transmissíveis. As 152 mulheres estudadas, entre setembro 2014 e dezembro de 2016, tinham uma média de idades de início da atividade sexual de 16,8 anos, 88,8% (135/152) das quais tiveram um parceiro sexual nos últimos três meses e 44,1% (67/152) declararam usar preservativo. ..
‘Neste estudo a maioria das mulheres vacinadas com atividade sexual ativa não estavam infetadas por HPV. ‘
Saiba mais aqui.
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‘Apenas no ano passado houve 124 óbitos.’
“É uma doença muito traiçoeira: mantém-se sem sintomas durante muitos anos, e a pessoa acaba por descobri-la quando o sistema imunitário já se encontra muito depauperado”, diz Isabel Aldir, que dirige o programa nacional de VIH/sida.
Daí a importância do teste ao VIH e o início do tratamento antirretroviral o mais rapidamente possível.
‘há grupos de risco que desconhecem sê-lo, como o das mulheres em idade de menopausa, aponta a diretora do programa nacional de VIH/sida, Isabel Aldir. Por um lado, a situação em que se encontra o seu organismo facilita a infecção durante as relações sexuais; por outro, são mais descuidadas pelo facto de já não correrem o risco de engravidar.’
Veja o artigo completo aqui.
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O ponto de partida, para estas orientações, é o momento em que uma mulher apreende que está a viver com VIH e deste modo abarca questões essenciais para a prestação de serviços e apoio abrangentes de saúde e direitos sexuais e reprodutivos das mulheres que vivem com o VIH. Como mulheres que vivem com VIH enfrentamos desafios e violações de direitos humanos relacionados com a sexualidade e reprodução nas nossas famílias e comunidades, bem como das instituições de saúde onde procuramos cuidados, uma ênfase especial é colocada na criação de um ambiente propício para intervenções de saúde mais eficazes e melhores resultados de saúde.
Estas orientações destinam-se a ajudar os países a planificar, desenvolver e monitorizar de forma mais eficaz e eficiente os programas e serviços que promovem a igualdade de género e os direitos humanos e, por conseguinte, são mais aceitáveis e apropriadas para as mulheres que vivem com VIH, tendo em conta o contexto epidemiológico nacional e local. Discute questões de implementação que as intervenções de saúde e prestação de serviços devem abordar para alcançar a igualdade de género e apoiar os direitos humanos.Encontre as Orientaçoes aqui.
