Análise de sangue para personalizar tratamento antidepressivo
Cientistas do ‘King College London’ desenvolveram uma análise sanguínea que prevê com precisão se as pessoas deprimidas respondem aos antidepressivos comuns e desta forma, eventualmente, anunciar uma nova era de tratamento personalizado para pessoas com depressão.
Guiadas por esta análise, as pessoas com depressão e com inflamação no sangue acima de um certo limiar poderão ser encaminhadas para o acesso antecipado a estratégias de antidepressivos mais assertivas, como uma combinação de antidepressivos, antes de sua condição piorar.
Aproximadamente metade de todas as pessoas deprimidas não respondem aos antidepressivos de primeira linha e um terço das/os pacientes são resistentes a todos os tratamentos farmacológicos disponíveis. Até agora, tem sido impossível determinar se as/os pacientes individuais irão responder aos antidepressivos comuns ou se precisam de um plano de tratamento antidepressivo mais assertivo, que pode incluir uma combinação de mais de um medicamento.
Como resultado, as/os pacientes são tratadas/os com uma abordagem de tentativa e erro em que um antidepressivo é tentado após o outro, muitas vezes por 12 ou mais semanas para cada tipo de antidepressivo. Isso pode resultar em longos períodos de tratamento antidepressivo ineficaz para os indivíduos que não demonstram uma melhoria nos sintomas de qualquer das maneiras.
O estudo, publicado no The International Journal of Neuropsychopharmacology, enfoca em dois biomarcadores que medem a inflamação no sangue, tendo como referência estudos anteriores que demonstraram que níveis elevados de inflamação estão associados a uma reduzida resposta aos antidepressivos.
As/Os cientistas descobriram que os resultados das análises de sangue acima de um determinado nível podem prever, de uma forma precisa e confiável, a probabilidade dos indivíduos responderem aos tratamentos. As pessoas com níveis de ‘MIF’ e ‘IL- 1β’ acima dos limiares apresentaram 100 por cento de probabilidade de não responder aos antidepressivos convencionais e comumente prescritos. Aqueles com inflamação abaixo do limite sugerido espera-se que respondam aos antidepressivos de primeira linha, de acordo com os autores do estudo.
Os dois biomarcadores analisados no estudo são considerados como importantes na previsão de como as pessoas com depressão respondem aos antidepressivos, pois estão envolvidos em vários mecanismos cerebrais relevantes para a depressão. Estes incluem o nascimento de novos neurónios e as ligações entre estes, assim como a morte de células do cérebro através de um processo chamado de “stress oxidativo”. O ‘stress oxidativo’ ocorre quando o corpo, ao mesmo tempo, produz em excesso e se esforça para remover as moléculas denominadas de “radicais livres”. Estes ‘radicais livres’ quebram conexões cerebrais e interrompem a sinalização química do cérebro, que por sua vez pode levar ao desenvolvimento de sintomas depressivos ao reduzir os mecanismos de proteção do cérebro.
Esta pesquisa tem em consideração o conhecimento do efeito do interferão alfa, como ativador do sistema inflamatório, no desenvolvimento da depressão.
Encontre o estudo inicial aqui e o seguinte aqui.
