Os efeitos da menopausa no cérebro são muitas vezes temporários
Os efeitos da menopausa no cérebro são muitas vezes temporários, de acordo com novo estudo. Mas é necessária precaução, na leitura destes dados, para as mulheres em risco de desenvolver Alzheimer.
Um estudo aprofundado sobre as alterações no cérebro em mulheres saudáveis, antes e depois da menopausa, descobriu que a transição para a menopausa altera a estrutura, consumo de energia e conectividade do cérebro. O volume da matéria cinzenta do cérebro – que consiste em células nervosas – diminui, assim como a matéria branca, que contém as fibras que conectam as células nervosas. As regiões do cérebro associadas à memória e perceção também apresentaram declínio dos níveis de glucose.
Mas as descobertas incluíam algumas boas noticias: os cérebros das mulheres compensavam parcialmente estes declínios com um aumento do fluxo sanguíneo e produção de uma molécula chamada ATP (do inglês), a principal fonte de energia para as células. (ver o artigo aqui)
O estudo sugere que o cérebro tem a capacidade de encontrar o novo normal depois da menopausa na maioria das mulheres (ver o artigo aqui).
Contudo, as mulheres deste estudo, que tinham uma variante genética associada a um risco mais elevado de desenvolver a doença de Alzheimer, acumulavam mais placas de uma proteína chamada beta amiloide durante a perimenopausa em comparação com mulheres e homens sem esta variante genética.
Para as mulheres com predisposição para a doença de Alzheimer, existe uma tendência para os seus cérebros começarem a acumular as placas de Alzheimer durante a transição da menopausa. (ver mais aqui)
Durante a menopausa e a perimenopausa – os cerca de 4 a 10 anos que levam à última menstruação – os níveis de estrogénio flutuam e eventualmente diminuem. O estrogénio protege o cérebro feminino de envelhecer e estimula a atividade neural. Pode também ajudar a prevenir a acumulação de placas associadas à doença de Alzheimer.
Supõe-se que as alterações hormonais durante a transição e as mudanças resultantes no cérebro geram os sintomas como suores noturnos, ondas de calor, confusão mental (brain fog), problemas de memória e sono perturbado, bem como, possivelmente, ansiedade, depressão e fadiga.
No último estudo, a pesquisa:
- envolveu 160 mulheres entre os 40 e os 65 anos que compararam a 125 homens da mesma idade.
- Usaram-se imagens, incluindo ressonâncias magnéticas e tomografias para estudar os cérebros de mulheres que se enquadravam em três categorias: aquelas que não tinham começado a menopausa, definida por ausência de menstruação por 12 meses; aquelas na perimenopausa; e aqueles que estavam na pós-menopausa.
- As imagens obtidas nos dois anos seguintes depois da menopausa demonstraram que as alterações no cérebro são muitas vezes transientes e mesmo, em algumas partes do cérebro, reversíveis.
- Embora algumas imagens mostrassem uma redução no volume da massa cinzenta, para algumas mulheres esses declínios foram restaurados após a menopausa, especialmente no Pré-Cuneus, uma região do cérebro usada na cognição social e na memória.
- Em outras mulheres, os níveis estabilizaram.
- Em cerca de 20% das mulheres, não houve recuperação significativa.
A massa cinzenta do cérebro era elevada na pré-menopausa, descia durante a perimenopausa, mas recuperava ou estabilizava em muitas partes do cérebro depois da menopausa. O que sugere que o cérebro se adapta. E que os cérebros das mulheres voltam a ter níveis semelhantes, em termos de estrutura e função pós-menopausa, aos da pré-menopausa.
O que não é claro ainda é se as alterações se devem à menopausa ou ao envelhecimento.
Encontre o artigo aqui.
