A perda óssea é duas vezes maior entre as mulheres
A densidade mineral óssea diminui duas vezes mais rapidamente entre mulheres VIH-positivas do que nos homens VIH-positivos, de acordo com uma pesquisa italiana publicada na edição online do Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes.
O estudo é a maior análise de alterações a longo prazo na densidade mineral óssea (DMO) em pessoas VIH-positivas, sendo que mais de três quartos se encontrava com carga viral indetetável no início do estudo.
Vários outros fatores de risco modificáveis também foram associados à redução da DMO, incluindo a infeção pelo vírus da hepatite C (VHC), o tratamento com tenofovir (TDF), baixos níveis de vitamina D e falta de exercicio fisico.
Numa vasta amostra de homens e mulheres a viver com o VIH e em tratamento antirretroviral (TARV) a longo prazo, a DMO do colo do fémur e da coluna lombar, dois importantes preditores do risco de fraturas, desceu duas vezes mais rapidamente entre mulheres infetadas por VIH em comparação com os homens a viver com a mesma condição, mesmo após ajustamento de outras variáveis. “Notavelmente, a maioria da nossa população de estudo tinha menos de 50 anos e apenas 15% das participantes se encontrava na menopausa, no inicio do estudo, e 24% durante o seguimento do estudo. Por conseguinte, com o envelhecimento e a menopausa, a taxa de declínio da DMO entre mulheres a viver com o VIH deverá ser ainda mais acentuada”
Declínios na DMO durante os primeiros três anos após o inicio do TARV são bem descritos na literatura médica. No entanto, as taxas de perda óssea e seus fatores de risco são menos claros. O estudo, decorreu durante 5 anos, envolveu 839 mulheres e 1759 homens sob TARV a longo prazo. Todas/os as/os participantes eram brancas/os, 82% com menos de 50 anos, e 76% tinham uma carga viral indetetável no início do estudo. Cerca de um terço (30% das mulheres e 27% dos homens) apresentaram coinfecção com o vírus da hepatite C (VHC).
Na análise inicial, a DMO no colo femoral diminuiu significativamente mais entre as mulheres do que nos homens (-0.0353, p < 0,0001), mas o mesmo não aconteceu na coluna lombar (sem diferenças entre sexos).
Uma menor DMO do colo femoral também foi associada com maior exposição ao tenofovir, o aumento da idade, a falta de atividade física, baixa testosterona ou pós-menopausa, insuficiência de vitamina D e coinfeção com VHC. Os fatores protetivos incluem uma maior duração de tratamento com inibidores de integrase e um maior índice de massa corporal.
“No maior e mais longo estudo de alterações de DMO nas mulheres e homens a viver com VIH, até à data, observámos quase o dobro do declínio do índice de DMO entre mulheres infetadas pelo VIH”. Uma reduzida DMO é um dos vários fatores de risco para fratura.
“Os nossos resultados destacam as perdas de DMO entre as mulheres, independente da menopausa, efeitos que requerem consideração futura na seleção da TARV.”
Referência:
Erlandsom KM et al. Bone mineral density declines twice as quickly among HIV-infected women compared to men. J Acquir Immune Defic Syndr, online edition. DOI: 10.1097/QAI.0000000000001591 (2017).
Imagem: tuasaude
