Porque são as mulheres as mais afetadas pelos efeitos a longo prazo do COVID-19?
Desde junho de 2020, que se observa que os casos agudos de COVID-19 tendem a ser sobretudo nos homens com mais de 50 anos, mas quem sofre os efeitos a longo prazo são sobretudo mulheres jovens. A média de idade, destas mulheres, é de 40 anos, e a proporção é de 4 para 1 comparativamente aos homens.
Desde o ano passado, que este enviesamento de género se tem observado no mundo, desde os hospitais no Bangladesh e Rússia ao Reino Unido. As mulheres jovens e de meia idade são desproporcionalmente vulneráveis. Suspeita-se que a proporção de mulheres, com efeitos de longa duração do COVID-19, seja potencialmente de 70-80%.
Este padrão tem sido observado em outros síndromes pós-infeção. Numa clínica de cuidados pós-COVID, em Londres, 66% das pacientes são mulheres. Muitas delas com trabalho a tempo inteiro, com crianças, e agora cerca de um quarto delas estão impossibilitadas de trabalhar porque se sentem mal.
Algumas condições que se pensa com origem infecciosa, como a síndrome da fadiga crônica/encefalomielite miálgica, doença crónica de Lyme afetam sobretudo as mulheres.
E como estas condições afetam sobretudo as mulheres, tendem a ser relegadas para origem psicológica e mesmo consideradas como hipocondria.
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Pensa-se que as mulheres possuem uma mais robusta resposta imunitária. E por isso tendem a morrer menos na fase aguda do COVID-19 mas existem teorias de que fragmentos do vírus permanecem nos reservatórios, por meses. E que estes reservatórios virais acionam ondas de inflamação crónica levando a sintomas de dor, fadiga e confusão mental (“brain fog”).
Cientistas já começaram a descrever o COVID com efeitos a longo prazo de doença autoimune associada ao estrógeno, apelando para mais pesquisa e tratamentos específicos de género. Se for este o caso, o tratamento pode ser com medicação imunossupressora como esteroides.
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