Aumento de peso e VIH nas mulheres
Healthy Living with HIV 2021
Yvonne Gilleece
- Em 2016, 13% da população adulta do mundo (11% dos homens e 15% das mulheres) era obesa. Mais de 1.9 biliões de adultos têm excesso de peso.
- A prevalência da obesidade no mundo quase que triplicou entre 1975 e 2016.
- As implicações clinicas da obesidade (IMC≥30Kg/m2) incluem resultados obstétricos/parto, doença de Alzheimer, diabetes tipo 2, doença cardiovascular/hipertensão, doença muscloesquelética/mobilidade para trabalhar, alguns cancros (incluindo endometrial, mama, ovários, próstata, fígado, rim, cólon). Uma redução de 4 anos na esperança de vida.
- Factores associados com o ganho de peso e aumento do IMC em pessoas que vivem com o VIH (PVV).
- Existem 19.1 milhões de raparigas e mulheres a viver com o VIH no mundo, menos mulheres na Europa ao longo do tempo, mas as mulheres continuam sub-representadas nos ensaios e estudos clínicos.
De acordo dom o ESCAIDE:
- 208,800 mulheres a viver com o VIH na EU/EEA em 2018 (prevalência de 0.08%)
- 13,300 mulheres a viver com VIH não diagnosticado (6.4%)
- As mulheres diagnosticadas com VIH nos anos recentes são mais idosas, com aquisição do VIH por via heterossexual.
- 48% das mulheres são diagnosticadas tardiamente, 3 anos após a infeção.
– Uma baixa contagem de CD4 e uma elevada carga viral são um risco para o aumento de peso e as mulheres são adversamente afetadas.
– Verificou-se que existe um aumento de peso quando se muda de um regime de EFV para um regime de Inibidores da Integrase. Mas não foram identificadas diferenças de género.
Estudo realizado nos EUA e Canadá, envolvendo 14,084 PVV (83% homens, 57% não brancos, média de idade 40 anos):
- Revelou que a percentagem de obesos aumentou de 9% para 18%, após iniciação da terapia antirretroviral (TARV).
- Após 3 anos em TARV, indivíduos com IMC normal ficavam com excesso de peso, e os com excesso de peso tornavam-se obesos.
- As mulheres brancas VIH-positivas apresentavam um IMC mais elevado após 3 anos de TARV comparativamente a mulheres brancas da mesma idade no NHANES (estudo nacional de saúde e nutrição do CDC).
No estudo ADVANCE observa-se um aumento significativo de peso entre as PVV que tomam o DTG+FTC/TAF (aumento de 5kgs nos homens e de 10kg nas mulheres), DTG=FTC/TDF (aumento de 4 Kgs nos homens e de 5kgs nas mulheres) e EFV=FTC/TDF (aumento de 1 kg nos homens e de 3 kgs nas mulheres).
O aumento é sempre mais significativo nas mulheres.
Menopausa e risco cardiovascular:
- Na Europa a proporção de mortes atribuídas a doença cardiovascular é maior nas mulheres (51%) do que nos homens (42%).
- A doença cardiovascular em mulheres posmenopáusicas mais do que dobrou comparativamente às mulheres premenopáusicas (20 vs 70 eventos cardiovasculares)
Em suma:
- Múltiplos factores podem aumentar o risco de aumento de peso nas mulheres vs homens que vivem com VIH
- Inicia com o diagnóstico VIH e continua ao longo da vida da mulher (gravidez, menopausa, ARV, estilo de vida)
- O aumento de peso ficou demonstrado em estudos como NAMSAL e ADVANCE e afecta mais as mulheres que os homens.
- O estudo DOLPHIN-2 demonstrou o aumento de peso no pós-parto nas mulheres que tomavam o DTG vs EFV mas notaram-se também diferenças regionais
- No estudo IMPACT 2010 o aumento de peso estava associada a melhores resultados no parto. Ou seja, nem sempre o aumento de peso é negativo.
- O excesso de peso pode causar danos a longo prazo e portanto deve ser considerado com seriedade.
