HIV&Women2022: Envelhecimento e sistema imunitário
As pessoas que vivem com VIH apresentam um intervalo de 15 anos – de anos sem comorbidades – comparativamente às pessoas sem VIH. E mesmo quando a sua contagem de CD4 é superior a 500, continua a existir um intervalo de 10 anos.
As principais comorbidades relacionadas com o envelhecimento, das pessoas com VIH, são as doenças crónica do fígado, rins ou pulmão; diabetes; cancro; doença cardiovascular.
A inflamação prediz a morbidade e mortalidade na infeção VIH tratada. Existem diferenças de género na inflamação?
As mulheres apresentam uma mais forte resposta imunitária inata ao VIH, do que os homens. O que pode explicar porque as mulheres têm uma carga viral mais baixa do que os homens e uma inflamação mais elevada em qualquer carga viral. As células femininas expressam mais do sensor imunitário inato TLR7 (o mecanismo base para níveis mais elevados de inflamação nas mulheres que nos homens com VIH).
A diferença na inflamação, entre homens e mulheres sem VIH é diminuta.
Mas entre as pessoas com VIH e em tratamento, as mulheres apresentam mais inflamação do que os homens.
O estrogénio pode suprimir a transcrição do VIH. As mulheres pós-menopáusicas apresentam maior inflamação se viverem com o VIH (o estrógeno baixa assim como baixa o efeito anti-inflamatório).
A diferença de inflamação, entre sexos, tem um impacto no risco da morbidade e mortalidade nas pessoas VIH positivas em tratamento?
Num estudo que envolveu 9.430 indivíduos observou que as mulheres têm níveis mais elevados de inflamação, do que os homens, durante o tratamento antirretroviral supressivo. Pode a menopausa ter um efeito nestes resultados?
O sexo pode modificar a associação entre inflamação e eventos vasculares. Este aumento da ativação imunitária pode prever estes eventos nas mulheres, mas pode ir numa direção diferente no tromboembolismo venoso. Observam-se mais tromboembolismos em homens do que em mulheres. Mas as mulheres apresentam mais AVCs isquémicos.
Existem diferenças de género na relação entre níveis de sTNFR1: nas mulheres este valor mais elevado prediz um risco reduzido de diabetes tipo 2 e nos homens acontece o oposto.
Em resumo:
- A inflamação persiste nas pessoas com VIH apesar do tratamento antirretroviral e é preditor de um aumento de risco de morbidade associada ao envelhecimento.
- As mulheres têm uma resposta inflamatória ao VIH mais robusta que os homens (possivelmente devido ao aumento da expressão TLR7).
- O estrogénio pode moderar esta resposta inflamatória e suprimir a expressão do VIH em mulheres pré-menopausa.
- As mulheres pós-menopáusicas têm níveis de expressão de VIH e inflamação mais elevados.
- As diferenças de sexo na inflamação modificam o risco de doença nas pessoas infetadas por VIH em tratamento.
É importante a inclusão de mais mulheres nas pesquisas científicas!
Fonte: Peter Hunt, Universidade da California São Francisco