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IAS 2021, 18-22 Julho
O estudo incluiu 13 142 pessoas a viver com o VIH (PVV) com mais de 16 anos, de 16 hospitais catalães, Espanha. 749 (5.7%) foram diagnosticadas com SARS-CoV-2, com as seguintes características:
- 618 PVV (82.5%) eram homens com a média de idade de 43.5 anos
- 103 (13.8%) foram hospitalizadas
- 7 (0.9%) admitidas na UCI
- 13 (1.7%) morreram.
Comorbidades crónicas – neuropsiquiátricas, doenças autoimunes, doenças respiratórias e metabólicas – associadas a um risco mais elevado de resultados mais graves.
Conclusão:
- O diagnóstico SARS-CoV-2 em PVV era mais frequente: entre migrantes, aqueles com ≥4 comorbidades, HSH e menos frequente em pessoas que injectam drogas.
- Entre as pessoas co-infectadas aquelas com carga viral detetável, baixa contagem de CD4, mais idade, comorbidades crónicas, e migrantes apresentavam um risco mais elevado de resultados mais graves.
- De salientar, que a baixa contagem de CD4 era um factor de risco para SARS-CoV-2 mais grave apenas entre pessoas com carga viral detetável.
Referência
1. Nomah DK, Reyes-Urueña J, Yesika Díaz Y, et al. Unsuppressed plasma HIV-RNA viral load is associated with worse COVID-19 outcomes among people living with HIV. IAS 2021, 11th IAS Conference on HIV Science, July 18-21, 2021. Abstract OALB0301. -
IAS 2021, 11th IAS Conference on HIV Science, 18-21 julho, 2021
Neste estudo, as mulheres com VIH apresentaram taxas mais elevadas de multimorbidade comparativamente aos homens com VIH e também de polifarmácia, mas a diferença não foi tão significativa quanto para multimorbidade (81,5% vs 75,0%). As mulheres com VIH tiveram taxas mais elevadas de várias comorbidades comparativamente aos homens com VIH, mas geralmente nunca taxas mais reduzidas:
- diabetes tipo 2 21% vs 12,1%,
- doença renal 18% vs 12,5%,
- hipertensão 44,6% vs 31,2%,
- distúrbio gastrointestinal 17,9% vs 11,3%,
- neuropsiquiátrico 29% vs 24,4%.
Homens e mulheres com VIH apresentaram cerca do dobro da taxa de abuso de substâncias em comparação com as pessoas VIH negativas.
Homens e mulheres VIH + apresentavam taxas mais elevadas de comorbidades neuropsiquiátricas comparativamente às pessoas VIH-, mas as mulheres VIH + apresentavam uma taxa muito mais elevada do que mulheres VIH-.
Homens VIH+ tinham taxas de polifarmácia muito mais altas do que homens VIH-.
Os afro-americanos apresentavam taxas mais elevadas de multimorbidades, hipertensão, doença renal crônica, doença hepática e cancro.
A polifarmácia é significativamente mais frequente nas pessoas com VIH, 76% vs 61%. Estas diferenças são mais pronunciadas nas idades mais jovens, mas estatisticamente significativas em qualquer idade.
— 18-39 anos: 56.6% VIH vs 31.0% sem VIH
— 40-49 anos: 70.5% VIH vs 50.3% sem VIH
— 50-59 anos: 79.5% VIH vs 65.8% sem VIH
— 60-69 anos: 87.6% VIH vs 78.6% sem VIH
— 70+: 92.4% VIH vs 85.5% sem VIHAs mulheres apresentavam uma taxa mais elevada de multimorbidade em relação aos homens independentemente do estado VIH.
— Mulheres: 59.4% VIH vs 52.9% sem VIH
— Homens: 48.5% VIH vs 39.3% sem VIHAs pessoas com VIH positivo apresentam uma taxa mais elevada, comparativamente aos seus pares VIH negativos de hipertensão, hiperlipidemia, condições neuropsiquiátricas, doença renal crónica, abuso de substâncias, distúrbios gastrointestinais, cancro e doença hepática. A doença cardiovascular foi significativamente mais frequente com o VIH apenas na faixa etária mais jovem (18-39, 3,2% vs 1,2%). Para todas as faixas etárias com mais idade, as doenças cardiovasculares eram apenas marginalmente mais frequentes com o VIH.
Em:
1. Paudel M, Prajapati G, Buysman E, et al. Higher comorbidity and comedication burden in women and young people living with HIV. IAS 2021, 11th IAS Conference on HIV Science, July 18-21, 2021. Abstract OAA0104.
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Um novo relatório da OMS confirma que a infecção por VIH é um fator de risco independente significativo para a existência de COVID-19 grave / crítico na admissão hospitalar e mortalidade hospitalar. No geral, quase um quarto (23,1%) de todas as pessoas a viver com VIH que foram hospitalizadas com COVID-19 morreram.
O relatório baseia-se em dados de vigilância clínica de 37 países em relação ao risco de resultados piores de COVID-19 em pessoas que vivem com VIH (PVV) internadas em hospitais devido ao COVID-19. Descobriu-se que o risco de desenvolver COVID-19 grave ou fatal era 30% superior em PVV em comparação com pessoas sem infecção por VIH. Condições subjacentes, como diabetes e hipertensão, são comuns entre PVV. Entre as PVV do sexo masculino com idade superior a 65 anos, a diabetes e a hipertensão foram associadas a um risco superior de COVID-19 mais grave e fatal. Essas condições são conhecidas por colocar as pessoas em maior risco de doenças graves e morte.
O que salienta a necessidade das PVV permanecerem o mais saudáveis possível, terem acesso e tomar regularmente os seus medicamentos ARV e prevenir e controlar as condições subjacentes. Isso também significa que as pessoas que vivem com VIH – independentemente de seu estado imunológico – devem ser priorizadas para vacinação na maioria dos locais. Uma pesquisa informal da OMS revelou que de 100 países com informações, 40 países priorizaram as PVV para a vacinação COVID-19.
No final desta semana, a OMS também publicará Diretrizes atualizadas sobre prevenção, teste, tratamento, prestação de serviços e monitorização do VIH. Essas diretrizes fornecem mais de 200 recomendações baseadas em evidências e declarações de boas práticas para uma resposta de saúde pública à prevenção, teste e tratamento de pessoas que vivem com VIH. Essas recomendações ajudam a garantir que as pessoas com VIH possam iniciar e continuar o tratamento durante períodos de interrupção do serviço como consequência da pandemia de COVID-19.
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As pessoas que vivem com VIH (PVV) que metabolizam o efavirenz mais rapidamente parecem ganhar menos peso ao longo do tempo do que aqueles/as que o metabolizam lentamente.
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Estudo, realizado na Africa do Sul, em 1.000 pessoas a viver com o VIH, investigou os efeitos secundários a longo prazo de antirretrovirais (ARV) mais recentes prescritos como tratamento inicial. E observou elevadas taxas de obesidade, sobretudo entre as mulheres.
- 28% das mulheres a tomar a combinação de ARV, Tenofovir alafenamide fumerate (TAF), emitricitabina (FTC) e dolutegravir (DTG) tornaram-se obesas.
- 18% das mulheres a tomar Tenofovir disproxil fumerate (TDF), FTC e DTG tornaram-se obesas.
- 12% das mulheres a tomar TDF, FTC e efavirenz (EFV) tornaram-se obesas.
- As mulheres não eram obesas no início do estudo.
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Este estudo resultou da revisão sistemática e uma meta-análise.
- Foram identificados 31 estudos que associavam a terapia antirretroviral (TARV) com a prevalência de vírus do papiloma humano (VPH) em 6 537 mulheres a viver com o VIH (MVV), e 9 288 MVV com alto grau de lesões cervicais.
- As mulheres a viver com VIH em TARV apresentavam menor prevalência de elevado risco de VPH comparativamente às que não se encontravam em TARV.
- Em 17 estudos existia uma associação entre TARV e resultados longitudinais de lesões cervicais. A TARV estava associada com um menor risco de incidência de neoplasias cervical intraepitelial (CIN) e de Lesão escamosa intraepitelial de alto grau (HSIL) em 1 830 mulheres a viver com o VIH.
- A progressão de lesão escamosas intraepitelial em 6 212 mulheres a viver com o VIH.
- E a regressão de neoplasia cervical intraepitelial em 5 261 mulheres a viver com o VIH.
- Em três estudos, com 15 846 mulheres a viver com o VIH, a TARV foi associada a uma redução de incidência do cancro cervical invasivo.
- A iniciação precoce da TARV e a sua devida adesão provavelmente reduz a incidência e progressão da neoplasia cervical intraepitelial e da lesão escamosas intraepitelial.
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Cerca de 10% das pessoas que vivem com VIH (PVV) na Europa são consideradas altamente experientes no tratamento antirretroviral (AET), um número que cresce ano após ano. Mas, isso não significa resultados clínicos piores.
AET era definido como tendo o vírus resistente a diferentes classes de antirretrovirais, ter mudado de regime antirretroviral (ARV) ≥ 4 vezes, ou ter ≤ 2 classes de ARV ainda.
Dos 15 570 indivíduos em seguimento de 2010-2016, 10% eram classificados como AET. Este número era mais elevado na Europa Central e Leste e menor na Europa Ocidental. Quase todas as pessoas AET mantinham a carga viral controlada, muitas apresentavam uma baixa contagem de CD4 (≤350 células/µL). Ser AET não estava associado a risco de SIDA ou mais eventos clínicos não-SIDA.
As PVV com poucas opções de tratamento podem controlar com sucesso o vírus com novos antirretrovirais, mas as estratégias de tratamento não são sempre individualmente optimizadas. Apesar dos novos tratamentos ajudarem as pessoas AET a controlar o seu virus, é provável que as resistências eventualmente se desenvolvam, requerendo novas medicações para controlar o VIH.
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Atualmente existem vários tratamentos orais diários para a infeção por VIH, com taxas similares de eficácia. Consequentemente, mais enfâse é dada á experiência individual de tratamento e à qualidade de vida. O antirretroviral injetável de longa duração para o VIH (Cabotegravir + Rilpivirina) pode resolver questões relacionadas com o tratamento oral, como o estigma, cansaço da toma de comprimidos, interações e aderência.
O presente estudo, ATLAS – 2M, apresenta os resultados das/dos participantes e a sua experiência na toma do injetável de longa duração a cada 4 semanas versus a cada 8 semanas.
Este estudo englobou 1045 participantes, mas neste artigo não consta referência ao género. (Mas estudos anteriores do ATLAS-2M incluíam 27% de mulheres: CROI2021)
Tanto os tratamentos a 4 semanas como 8 semanas tiveram aceitação e satisfação, independentemente dos participantes já terem tomado o Cabotegravir + Rilpivirina. E em ambos os regimes, a maioria dos participantes preferiram a dosagem a 8 semanas às 4 semanas e à toma oral.
Encontre o estudo aqui.
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COVID-19 e pessoas a viver com o VIH:
- existem evidências de um maior risco de diagnóstico e hospitalização por Covid-19 (C-19) nas pessoas que vivem com VIH (PVV)
- as características clinicas do C-19 são semelhantes às pessoas sem VIH (PSV)
- estudos mostram um maior risco de mortalidade por C-19, que é mais notável nos grupos etários com menos de 60 anos (estudos no Reino Unido, África do Sul e EUA).
- existe uma relação entre a gravidade do C-19 com a baixa contagem de CD4 e a ausência de supressão virológica
- a obesidade e a diabetes aumentam esse risco
Diagnóstico, hospitalização e morte por C-19 em PVV e PSV:
- índices de diagnóstico, hospitalização e morte por C-19, mais elevados nas PVV comparativamente com PSV e nas mulheres PVV comparativamente aos homens PVV e mulheres PSV.
Mais análises de género são necessárias sobre o risco de infeção, diagnóstico, hospitalização, morte, morbidade a longo prazo, aceitação da vacina, segurança da vacina e sua eficácia.
O impacto do C-19 afecta mais as mulheres:
- As mulheres representam 95% da limpeza doméstica e cuidadoras; 93% dos trabalhadores em cuidados infantis e ensino; 86% dos trabalhadores em cuidados de saúde, 82% dos caixas. A pandemia acentuou o trabalho não remunerado e doméstico das mulheres.
- Aumento da violência de género.
Fonte: Anna Maria Geretti, HIV&Women Workshop
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O sub-estudo REPRIEVE, realizado pela maior rede de pesquisa em VIH, o ACTG, refere que aproximadamente metade das/dos participantes no estudo, que eram consideradas pelas medidas tradicionais com sendo de risco baixo a moderado de futura doença cardíaca, apresentavam placa aterosclerótica nas suas artérias coronárias.
Se é bem conhecido que as pessoas com VIH se encontram em maior risco de episódios cardiovasculares, incluindo ataques cardíacos e AVC, pouco se compreende sobre a prevalência e extensão da arteriosclerose na doença cardiovascular entre as pessoas que vivem com VIH.
O estudo incluiu 755 pessoas a viver com o VIH, com idades entre os 40 e os 75 anos, dos Estados Unidos da América, e observou a quantidade de placa nas artérias coronárias e a sua correlação com análises sanguíneas que mediam a inflamação e a ativação imunitária. A percentagem de mulheres participantes era de apenas 16%.
Quase metade das/dos participantes apresentavam placa nas maioritariamente em algumas áreas das artérias coronárias. Em 97% dos indivíduos, a placa não causava estreitamento em mais de 50% da artéria coronária. Cerca de 23% dos indivíduos apresentava placa com características que podiam potencialmente causar problemas no futuro.
A doença cardíaca é a maior causa de doença e morte entre as pessoas que vivem com VIH, incluindo entre as/os pessoas com o VIH controlado e a receber tratamento antirretroviral.
É necessária a inclusão de mais mulheres para que se obtenham resultados significativos em relação ao género.
Encontre o estudo aqui. E a notícia aqui.
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A Tonic App juntou-se à Gilead Sciences para o lançamento, da aplicação médica, de conteúdos sobre a infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH). Esta parceria, já anunciada em dezembro 2020, levou à disponibilização na Tonic App de árvores de decisão clínica para o diagnóstico, tratamento e referenciação da infeção por VIH, entre outros.
Se é médica/o, pode fazer download da Tonic App através do link ou procurando diretamente ‘Tonic App’ na App Store ou Play Store.
Encontre a notícia aqui.